I
serotonina
endorfina
dopamina
cocaína
ritalina
benzina
morfina
gasolina
heroína
...
tudo que eu precisava era do sorriso daquela menina
II
disparou o coração
fulminou aquela sensação
de que o mundo é sem chão
a desrazão tomou conta do sertão
- da minha mente - em vão
lembrei de Lilith e a boceta do perdão
sente? não!
por dentro só a serpente, da tal Eva de Adão
III
apreensivo o depressivo
vagueia sem sentido
por um mundo de obsessão
sua coleira e paixão
mas seus braços não
IV
Jesus morreu e nenhum filho deixou
nem obra, livro, em breu sua vida ficou
famoso porém depois
rendeu tanto falatório
que ressucitou pra ser ator
V
eu não sou obrigado a estar aqui
mas para onde posso fugir?
tudo que já foi será denovo tudo igual
novidade é o que está porvir
tirar as pragas, aguar o quintal
setembro é tempo de jaboticaba florir
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
terça-feira, 24 de setembro de 2013
...e tu quebrou meu violão
que situação!
ou será que fui eu que perdi a noção?
viajo em vão
feliz to não
no bolso nem cifrão
pra compensar locomoção
onde vou estar
quando o céu desabar?
num quarto de hotel,
ou em qualquer outro lugar
que faça sentido chamar de lar?
descrevo vias, ruas, marginais
de perto são todas iguais
de longe me banho pleno
na bosta de seus canais
não, meu nariz não quer mais
o cheiro das cidades normais
no fim até dei sorte de estar aqui
de não morrer, de não me ferir
mas indassim não vi
motivo nenhum pra sorrir
mas se até o pato e a vaca se dão bem
que me impediria
de saltar na rabeira do trem
rasgar mato, rio, montanha
ir além
no fim da linha ali, jávi
encontrar
ninguém...
que situação!
ou será que fui eu que perdi a noção?
viajo em vão
feliz to não
no bolso nem cifrão
pra compensar locomoção
onde vou estar
quando o céu desabar?
num quarto de hotel,
ou em qualquer outro lugar
que faça sentido chamar de lar?
descrevo vias, ruas, marginais
de perto são todas iguais
de longe me banho pleno
na bosta de seus canais
não, meu nariz não quer mais
o cheiro das cidades normais
no fim até dei sorte de estar aqui
de não morrer, de não me ferir
mas indassim não vi
motivo nenhum pra sorrir
mas se até o pato e a vaca se dão bem
que me impediria
de saltar na rabeira do trem
rasgar mato, rio, montanha
ir além
no fim da linha ali, jávi
encontrar
ninguém...
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
avisa Manoel de Barros que eu cheguei
mandarei sinal de fumaça
espero que ele veja
e me receba em sua mansarda
trouxe uns passarinhos pra ele
na minha cabeça
soltos
nem sei se estão aqui ainda
tive de alimentá-los
fiquei quase sem idéias
cisquei no chão migalhas
e escrevi esse resto de poema
pra não esquecer
que no fundo do peito
ainda brotam arco-íris
dentro de cada tempestade
avisa ele que eu cheguei
sem projeto
sem prancheta
sem diploma de doutor
eu quero mesmo é ser ator
poeta ou cantor
da memória contar histórias
que não saem exatamente como entraram
do coração cavar uma flor
encantar aquela moça
que um dia prometeu
me mostrar o que é o amor
então Mané, meu vô, cá estou
levarei café preto
e bolo de milho quentinho com manteiga
e tu, professor
me ensina a pescar
e a viver do que se sonhar?
mandarei sinal de fumaça
espero que ele veja
e me receba em sua mansarda
trouxe uns passarinhos pra ele
na minha cabeça
soltos
nem sei se estão aqui ainda
tive de alimentá-los
fiquei quase sem idéias
cisquei no chão migalhas
e escrevi esse resto de poema
pra não esquecer
que no fundo do peito
ainda brotam arco-íris
dentro de cada tempestade
avisa ele que eu cheguei
sem projeto
sem prancheta
sem diploma de doutor
eu quero mesmo é ser ator
poeta ou cantor
da memória contar histórias
que não saem exatamente como entraram
do coração cavar uma flor
encantar aquela moça
que um dia prometeu
me mostrar o que é o amor
então Mané, meu vô, cá estou
levarei café preto
e bolo de milho quentinho com manteiga
e tu, professor
me ensina a pescar
e a viver do que se sonhar?
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
uma boa colher de esperança
para um mundo em mudança
dança
a valsa triste
o forró rasteiro
o samba ligeiro
o hiphop atento
mas dança
balança
a estrutura que te enlaça
embaraça
o fio que te conduz
o ventre livre
a cabeça ativa
o rabo solto
a memória de outra vida
mas sempre a mesma
dança
despe tua couraça
no quadril empunha a lança
pra lutar por tua raça
abraça
a terra que te seduz
Jesus
não morreu por ser quadrado
mas sim por ter rebolado
pregado no alto da
cruz
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
re-volver
Bichos da terra
me comam
sózinho, sou vossa caça e banquete
Bichos dos ares
me envenenem
antes de tudo, era eu vosso vinho
Bichos das águas
me afoguem
sob as naves intrusas de seu meio
Bichos do fogo
me consumam
pois no princípio, não eram vós meus brinquedos
e sim eu vossa criança
me comam
sózinho, sou vossa caça e banquete
Bichos dos ares
me envenenem
antes de tudo, era eu vosso vinho
Bichos das águas
me afoguem
sob as naves intrusas de seu meio
Bichos do fogo
me consumam
pois no princípio, não eram vós meus brinquedos
e sim eu vossa criança
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
encosto
Quem é essa farsa por detrás da caneta entediada?
Quem tinge de breus as lacunas entre as alegrias?
Quem aguça o espirito que empobrece as vontades?
Quem move seu impeto através das moribundezas da alma?
Quem desperta dos sonhos todas as manhãs,
pra forte desejar que o dia logo se acabe?
Quem tinge de breus as lacunas entre as alegrias?
Quem aguça o espirito que empobrece as vontades?
Quem move seu impeto através das moribundezas da alma?
Quem desperta dos sonhos todas as manhãs,
pra forte desejar que o dia logo se acabe?
sábado, 19 de janeiro de 2013
autorretrato
sou um espécie parasitária
me alimento das experiências dos outros
sem nunca ter tido coragem de me levantar para viver as minhas próprias,
segui carregado pelos braços da preguiça
minha mãe eterna, a quem nunca devolvi favores
mas sinto pena do meu estado contemplativo
quisera um dia escrever o mundo
criar e artificar a existência
- libertar o proletariado! -
mas se de fato prosperasse nisso
já teria sugado muito sangue
como me arrogo no direito de me chorar coitado
condeno-me à letargia ostracizante
me escondo num sub-mundo
ausente,
caminho.
me alimento das experiências dos outros
sem nunca ter tido coragem de me levantar para viver as minhas próprias,
segui carregado pelos braços da preguiça
minha mãe eterna, a quem nunca devolvi favores
mas sinto pena do meu estado contemplativo
quisera um dia escrever o mundo
criar e artificar a existência
- libertar o proletariado! -
mas se de fato prosperasse nisso
já teria sugado muito sangue
como me arrogo no direito de me chorar coitado
condeno-me à letargia ostracizante
me escondo num sub-mundo
ausente,
caminho.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
ode ao amor sincero
queria inaugurar contigo um novo território
seja êste, por ora sem nome
um breve espaço de liberdade de sentido
algo que não precisa de explicação
razão
porque
onde por um instante
eu cante sem pensar
meus pesadelos mais profundos
minhas maldades mais humanas
meus fascismos mais destrutivos
um aqui onde possa escancarar
pra ti um eu que não sou
ou pelo menos não quero ser
mas sou
e quero
seja êste, por ora sem nome
um breve espaço de liberdade de sentido
algo que não precisa de explicação
razão
porque
onde por um instante
eu cante sem pensar
meus pesadelos mais profundos
minhas maldades mais humanas
meus fascismos mais destrutivos
um aqui onde possa escancarar
pra ti um eu que não sou
ou pelo menos não quero ser
mas sou
e quero
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Ser tempo de colheita, dizem
- Cada um colhe aquilo que plantou -
ihhh fudeu, fudeu! Não plantei nada que prestrasse em toda minha vida. Deixei que o mato tomasse conta do meu jardim. Chovia, eu não secava. O sol torrava as folhas, eu não lembrava de molha-las quando anoitecia. Os meses passaram e as sementes que eu guardara apodreceram dentro dos potes de vidro.
Plantei indiferença.
Vou colher solidão.
- Cada um colhe aquilo que plantou -
ihhh fudeu, fudeu! Não plantei nada que prestrasse em toda minha vida. Deixei que o mato tomasse conta do meu jardim. Chovia, eu não secava. O sol torrava as folhas, eu não lembrava de molha-las quando anoitecia. Os meses passaram e as sementes que eu guardara apodreceram dentro dos potes de vidro.
Plantei indiferença.
Vou colher solidão.
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