segunda-feira, 26 de julho de 2010

a paranóia é um recurso do corpo
frágil
o pânico explode no contato do corpo ordenado com o caos
da vida
a vida chega a doer, tem hora

aqui mata-se assim a rodo
por qualquer coisa por qualquer causa
-nós, no carro, rodamos em volta das praças degeneradas da cidade-
qualquer pedra no caminho, tá assim aqui agora
-duas armas apontam-se para nossas caras na proxima esquina, aqueles dois caras, com caras de nóias, vinham vindo em nossa direção, a pé-
estamos tomados pela barbárie
-o meu caronista passa, acelerado, pelos dois, como nem os visse direito-
nosso mundo está sendo comido pelos facínoras
-faço que discordo do que diz, meio por dentro, não da pra externar nada, já começo a me preocupar seriamente com a velocidade do carro-
por que você se interessa por política pedro?
-as paisagens vão sendo vencidadas assombrosamente depressa, a sério, temo que, mesmo querendo, o motorista já não consiga acionar os freios-
por que você se interessa por política pedro???
-tento falar qualquer coisa, que andasse mais devagar, a garganta trava-
porque você se interessa por política pedro?!?!?
-balbucio nada com nada, me agarro a qualquer coisa, o carro esbarra na guia, voamos sobre a cidade, nenhum tipo de salvação se vislumbra-
POR QUE VOCÊ SE INTERESSA POR POLÍTICA PEDRO!!!!!!?????
-o desartre é inevitável, planamos a cinquênta metros de altura, atravessamos os galhos de uma árvore, o grito contido de anos de existência, experiência, trauma e esperança, a ele só restam alguns segundos para ser expelido, sai, débil:
EU VOU MORRER...

que puta decepção-

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