sábado, 26 de setembro de 2015

disparates IV

i

...mas diz que tem ainda um laguinho, atravessando pro lado de lá da pinguelinha, e ali se espalha um taboal formoso, donde corre água tão limpinha, que é boa até de beber com as mão em concha, agachado de cócoras com a bunda na lama...

ii

me perturba o dia
me angustia a noite
me sinto preso na toca
me apavora o som da rua

iii

barulhos noturnos
infinitos metidos
debaixo do escuro

iv

brilho turvo borra
a espessa neblina
é o sol
de novo
a estrela intrometida
que força o romper do dia

v

["cá estamos pisando nessa terra" / nossa terra girando em torno dessa estrela / nossa estrela dançando com outras tantas uma ciranda / nossa ciranda uma só luz...]

vi

nossa luz há de viajar
por muito tempo depois de se apagar
e só vai parar quando encontrar
com outro olhar que a vê brilhar
como vago lume no céu a piscar
a trilhões de tempos e distâncias desse lugar